sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Uma Visão Diferente do Loki Cinematográfico

Tom Hiddleston interpretou o papel de Loki nos filmes Thor e Os Vingadores

Um breve tratado sobre a participação de Loki nos filmes Thor e Os Vingadores (que pode ser expandido também para a visão dos quadrinhos). Um ser capaz de atos cruéis e ás vezes loucos, mas também capaz de ser bom e de nutrir sentimentos puros pelas pessoas quando realmente necessário. Compreendê-lo não é fácil, bem como prever seus atos.

Quem já viu o filme Thor sabe como ele termina. Quem viu além dos créditos também já sabe que Loki saiu daquele “buraco negro” em que ele desapareceu após a queda da Bifrost. Após várias entrevistas ao ator que fez o Loki (Tom Hiddleston), já sabemos que quando Loki caiu através desse buraco negro ele viajou por outras dimensões e pelo espaço-tempo. Conheceu outros mundos muito além dos Nove que Asgard protege. Fez contatos com outras formas de vida e outras inteligências. Ele se tornou, nas palavras do próprio ator, um “pirata Asgardiano”.
 
Loki conheceu muitas coisas, mas também sofreu. Em Thor ele tinha poder, sim, mas nada comparado ao que adquiriu após viajar por tantos mundos e dimensões. Loki aprendeu da maneira mais dura a se defender e a manipular novas formas de magia e também de luta corporal. Pela maneira que ele apareceu nas cenas pós-créditos é perceptível que a vida dele não foi nada fácil até cair na Terra. Tanto seu corpo quanto sua mente estavam alquebrados e torturados.
 
Nenhuma redenção parecia ao seu alcance. Esse Loki está cheio de raiva e vontade de dar o troco por tudo o que sofreu, pois acha que tudo foi culpa de Odin e de Thor. Nesse momento, com a mente transtornada, Loki provavelmente acha que teria sido melhor que Odin o tivesse deixado no Templo para morrer.

Ele ama o pai, a mãe e o irmão, é claro; mas esse amor está revestido de uma amargura muito grande causada pelas mentiras de Odin e o ciúmes de Thor. Por ter sempre se sentido diminuído diante da presença marcante do irmão e por ter sido sempre menosprezado pelos demais asgardianos por ser um mago, Loki cultivou esse lado obscuro por milênios. Quando a brincadeira que fez para estragar a coroação do irmão deu errado (aqui um detalhe curioso: aquilo não foi um ato de traição ou maquinação contra o reino, mas sim pode ser considerada apenas uma maneira de salvaguardar o trono de um futuro rei que ainda não estava preparado através de uma espécie muito pessoal de brincadeira), aconteceu toda uma sucessão de coisas erradas. Nós conhecemos a sensação... é como se, quando uma coisa dá errado, um monte começa a dar errado em seqüência. Parece até engraçado como uma coisa negativa atraí tantas outras.

O irmão mais novo de Thor nunca quis o trono. Não estava preparado psicológicamente para isso quando aconteceu. O deus do trovão tinha acabado de ser banido graças ao resultado de uma brincadeira de Loki e ele mesmo tinha de repente descoberto não só que não era filho de Odin, mas que fazia parte da raça mais odiada dos Nove Reinos. Para ajudar, seu pai caiu no Sono de Odin sem perspectiva de voltar. Ele acabou subindo ao trono já completamente instável emocionalmente.
 
Talvz o que aconteceu foi o medo natural perante tamanha responsabilidade. Ou talvez apenas um desgosto por fazer algo que não queria. De qualquer forma, ele ficou apreensivo de que Thor, se voltasse, descobrisse o que o irmão era e talvez que o desprezasse perante Asgard.

Começara a sucessão de mentiras. Porque, além de achar que o irmão poderia desprezá-lo, Loki também queria ter a oportunidade de fazer algo grande para mostrar ao pai que, apesar de filho de Laufey, ele também era digno de ser chamado Filho de Odin. Loki passou a vida inteira se achando indigno se comparado ao irmão mais velho e agora, sabendo de suas origens, ele queria desesperadamente fazer algo para mostrar ao pai e ao reino (e a si mesmo) que era parte de Asgard. Acima de tudo, ele tinha ódio de si mesmo por ser um Gigante de Gelo. Por isso ele quis acabar com aquela raça mais do que tudo. Para não ser lembrado do que era realmente. Talvez, dentro de sua mente imersa em pressão e sofrimento pelos acontecimentos tão súbitos, Loki achasse que, destruindo aquela raça de Jotuns, ele de alguma forma não mais seria um deles. Seria para sempre um Aesir.
 
Ele errou? Sim, ele errou. Mas ninguém é totalmente culpado ou inocente nessa história. Não há vilões ou heróis no filme Thor. Há mal entendidos que cresceram além de um tamanho assustador demais para se conter.
 
Após a queda da Bifrost nós temos um Loki menos preocupado em provar seu valor. Agora ele quer dar o troco. Ele quer fazer a Terra pagar por tudo o que aconteceu. Porque foi para a Terra que Thor foi banido. E foi na Terra que o irmão dele, que antes era seu amigo e sempre ficara ao lado dele, aprendera a ver o mundo de outra forma. Thor teve a oportunidade de mudar… Loki não. Por isso não suporta a idéia de que foi Midgard que o separou do irmão e de sua família.
 
Não podemos esquecer tambpem que a guerra entre Asgard e Jotunhein começou por causa da Terra. Os Gigantes de Gelo queriam dominar os Nove Reinos e começaram pela Terra. Foi por causa dessa guerra que Odin encontrou Loki no Templo, abandonado para morrer. Então é plausível que Loki queira dominar Midgard para fazer Thor sofrer.

Loki tem uma profunda obsessão por Thor. Ele ama o irmão mais velho e isso com certeza aumentou a carga emocional do deus das travessuras ao longo dos séculos. Com certeza, Loki devia achar que sentir isso pelo irmão era errado e que provavelmente havia algo de errado com ele próprio. Quando descobriu que, na verdade, era um Gigante de Gelo, as coisas se encaixaram. Os Jotuns eram monstros, então por lógica ele também era um monstro, principalmente por nutrir sentimentos talvez até mesmo proibidos entre dois irmãos e dois homens.

Entre os vikings, a prática da magia é algo relacionado estritamente ao sexo feminino. Homens que usavam magia naquela época eram taxados como afeminados e homossexuais passivos. Para os antigos nórdicos, estava tudo bem um homem se deitar com outro, contanto que ele fosse a parte ativa da relação. O outro homem, o que fazia o papel de mulher na relação sexual é que era discriminado.

Bem, Loki é um mago. E jamais vimos um interesse romântico dele no filme. Isso pode ter contribuído para estigmatização de Loki entre os Aesires. Mas isso é apenas uma especulação. Reforçando o que foi dito no começo deste texto: compreendê-lo e prever seus atos não é algo simples de se fazer.
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário