The 13th Warrior (O 13º guerreiro, no Brasil, O último viking, em Portugal) é um filme norte-americano de 1999, dirigido por John McTiernan. Baseia-se no romance Eaters of the Dead, de Michael Crichton. Tal romance é, por sua vez, inspirado pela tradução para inglês do relato real de Ibn Fadlan das suas viagens para cima do rio Volga, no século X. O enredo é, contudo, em grande medida uma adaptação moderna do épico anglo-saxão Beowulf, com elementos extraídos das 1001 noites.
O filme esforça-se para atingir uma atmosfera histórica, incluindo o uso de diálogos em árabe, sueco, norueguês, dinamarquês, grego e latim. O ator norueguês Dennis Storhøi co-protagonizou a película como Herger, enquanto o ator sueco Sven Wollter interpretou um velho chefe viking. A veterana atriz norueguesa Turid Balke teve também um pequeno, mas proeminente, papel ao interpretar a feiticeira, assim como a atriz sueco-norueguesa Maria Bonnevie como a criada Olga.
Originalmente intitulado Eaters of the Dead, o filme começou a ser produzido em Agosto de 1997. Percorreu diversas montagens e remontagens, após assistências de teste não terem reagido bem à montagem inicial. Após terem sido refilmadas diversas cenas, com Crichton como realizador (o que atrasou a saída do filme por mais de um ano), o título foi alterado para The 13th Warrior.
A história do filme se passa no ano 922, quando Ahmad ibn Fadlan (Antonio Banderas), um poeta e cortesão árabe, apaixona-se por uma mulher lindíssima, que pertence a outro homem. O ciumento marido reclama com o califa, que então nomeia Ahmad embaixador na terra de Tossuk Vlad, uma região pobre e longínqua ao norte. Na prática, Ahmad é expulso de sua casa. Por vários meses, Ahmad atravessa a camelo as terras dos povos bárbaros e acompanhado de Melchisidek (Omar Sharif), um velho amigo de seu pai, deambula pela terra dos oguzes, dos azeris e dos búlgaros, até chegar terras dos tártaros, onde é atacado por um grupo desconhecido que acaba por desistir do saque após ver os barcos dos vikings.
Ibn Fadlan é intimidado pelos costumes dos vikings: a sexualidade pura e crua, o descuido com a higiene, os sacrifícios humanos a sangue frio. Até que Ahmad toma conhecimento de uma verdade aterrorizadora: foi escolhido para combater Wendol, um ser que mata vikings e devora-os. Uma vidente faz a revelação que treze guerreiros devem lutar contra estes inimigos, mas o décimo terceiro não pode ser um homem do norte. Assim, Ibn Fadlan luta ao lado dos Vikings num combate que dificilmente será vencido por eles.
Agora, falando em um contexto real, Ahmad ibn Fadlan realmente existiu e foi um escritor árabe do Século X que registrou em seu Risāla suas "aventuras" em terras "russas" (Bulgária do Volga) a mando do califa Al-Muqtadir de Bagdá. Entre outras coisas, Ibn escreveu sobre os Rus (daí vem o nome Rūsiyyah - Rússia ou Russland - Terra dos Rus) ou Varegues. Eram povos escandinavos oriundos da Suécia e Dinamarca. Esses indivíduos criaram rotas de comércio (entre outras coisas, de escravos) até os califados árabes e Constantinopla, e pelo caminho saqueavam tudo que aparecia pela frente. Seu encontro com os Rus teria se dado onde hoje é o Tartaristão (lembram no começo do filme quando um grita "os tártaros estão chegando?"... eis o motivo!).
Fadlan relatou os estranhos costumes e hábitos dos escandinavos. Reclamou muito da higiene deles. Na verdade, disse que "eles eram as criaturas mais repugnantes que Deus havia criado", pois não tomavam banho depois de ter relações sexuais nem depois de comerem. Além de se lavarem de manhã todos em uma única tina (isso aparece no filme). Coisas imperdoáveis para um árabe muçulmano.
Reclamou também do cheiro insuportável de fezes e urina nas ruas já que não haviam banheiros e se faziam essas coisa na rua mesmo. Mas também se admirou com o fato que penteavam os cabelos todos os dias. Estranhou que as mulheres andassem com um seio a mostra. Comentou as armas que usavam (os homens usavam machados e facas), as tatuagens (no corpo todo) também o impressionaram. Fez uma rica descrição dos nórdicos dizendo entre outras coisas que eram loiros ou ruivos, rosados, "belos" (ele fala algo como "forma física perfeita") e altos como "palmeiras".
O árabe descreveu em detalhes um enterro de um chefe viking que testemunhou (isso também aparece no filme), onde seu corpo foi cremado em um navio com seus pertences (na verdade, 1/3 deles) e, como de costume durante certo tempo, uma garota (quase sempre virgens ou esposas) o acompanhou em sua jornada póstuma. A jovem era consumida pelas chamas. Viva, é claro.
Por tudo isso, os manuscritos de Ahmad ibn Fadlan são de valor histórico inestimável.
Enfim, uma consideração importante a ser feita: a tradução da oração no final do filme foi muita mal feita. Simplesmente traduziram "Lo" como "Abaixo" (um erro grosseiro, provavelmente causado por confudirem este termo com a palavra ingles Low)! No entanto, "Lo" é uma expressão arcaica e significa "Comtemple" ou "Veja". Lamentável para dizer o mínimo. Essa oração é a alma do roteiro.
Eis a original:
Lo' there do I see my father
Lo' there do I see my mother, my sisters and my brothers
Lo' there do i see the line of my people back to the beginning
Lo' they do call to me
They bid me to take my place amoung them in the halls of Valhalla
Where the brave they live forever!
E essa é uma tradução da oração que tomei a liberdade de fazer:
Eis que vejo meu pai
Eis que vejo minha mãe, minhas irmãs e meus irmãos
Eis que vejo a linhagem da minha família desde o início
Eis que eles me chamam
E me convidam para tomar meu lugar entre eles nos salões do Valhalla
Onde os bravos vivem para sempre!
O filme esforça-se para atingir uma atmosfera histórica, incluindo o uso de diálogos em árabe, sueco, norueguês, dinamarquês, grego e latim. O ator norueguês Dennis Storhøi co-protagonizou a película como Herger, enquanto o ator sueco Sven Wollter interpretou um velho chefe viking. A veterana atriz norueguesa Turid Balke teve também um pequeno, mas proeminente, papel ao interpretar a feiticeira, assim como a atriz sueco-norueguesa Maria Bonnevie como a criada Olga.
Originalmente intitulado Eaters of the Dead, o filme começou a ser produzido em Agosto de 1997. Percorreu diversas montagens e remontagens, após assistências de teste não terem reagido bem à montagem inicial. Após terem sido refilmadas diversas cenas, com Crichton como realizador (o que atrasou a saída do filme por mais de um ano), o título foi alterado para The 13th Warrior.
A história do filme se passa no ano 922, quando Ahmad ibn Fadlan (Antonio Banderas), um poeta e cortesão árabe, apaixona-se por uma mulher lindíssima, que pertence a outro homem. O ciumento marido reclama com o califa, que então nomeia Ahmad embaixador na terra de Tossuk Vlad, uma região pobre e longínqua ao norte. Na prática, Ahmad é expulso de sua casa. Por vários meses, Ahmad atravessa a camelo as terras dos povos bárbaros e acompanhado de Melchisidek (Omar Sharif), um velho amigo de seu pai, deambula pela terra dos oguzes, dos azeris e dos búlgaros, até chegar terras dos tártaros, onde é atacado por um grupo desconhecido que acaba por desistir do saque após ver os barcos dos vikings.
Ibn Fadlan é intimidado pelos costumes dos vikings: a sexualidade pura e crua, o descuido com a higiene, os sacrifícios humanos a sangue frio. Até que Ahmad toma conhecimento de uma verdade aterrorizadora: foi escolhido para combater Wendol, um ser que mata vikings e devora-os. Uma vidente faz a revelação que treze guerreiros devem lutar contra estes inimigos, mas o décimo terceiro não pode ser um homem do norte. Assim, Ibn Fadlan luta ao lado dos Vikings num combate que dificilmente será vencido por eles.
Agora, falando em um contexto real, Ahmad ibn Fadlan realmente existiu e foi um escritor árabe do Século X que registrou em seu Risāla suas "aventuras" em terras "russas" (Bulgária do Volga) a mando do califa Al-Muqtadir de Bagdá. Entre outras coisas, Ibn escreveu sobre os Rus (daí vem o nome Rūsiyyah - Rússia ou Russland - Terra dos Rus) ou Varegues. Eram povos escandinavos oriundos da Suécia e Dinamarca. Esses indivíduos criaram rotas de comércio (entre outras coisas, de escravos) até os califados árabes e Constantinopla, e pelo caminho saqueavam tudo que aparecia pela frente. Seu encontro com os Rus teria se dado onde hoje é o Tartaristão (lembram no começo do filme quando um grita "os tártaros estão chegando?"... eis o motivo!).
Fadlan relatou os estranhos costumes e hábitos dos escandinavos. Reclamou muito da higiene deles. Na verdade, disse que "eles eram as criaturas mais repugnantes que Deus havia criado", pois não tomavam banho depois de ter relações sexuais nem depois de comerem. Além de se lavarem de manhã todos em uma única tina (isso aparece no filme). Coisas imperdoáveis para um árabe muçulmano.
Reclamou também do cheiro insuportável de fezes e urina nas ruas já que não haviam banheiros e se faziam essas coisa na rua mesmo. Mas também se admirou com o fato que penteavam os cabelos todos os dias. Estranhou que as mulheres andassem com um seio a mostra. Comentou as armas que usavam (os homens usavam machados e facas), as tatuagens (no corpo todo) também o impressionaram. Fez uma rica descrição dos nórdicos dizendo entre outras coisas que eram loiros ou ruivos, rosados, "belos" (ele fala algo como "forma física perfeita") e altos como "palmeiras".
O árabe descreveu em detalhes um enterro de um chefe viking que testemunhou (isso também aparece no filme), onde seu corpo foi cremado em um navio com seus pertences (na verdade, 1/3 deles) e, como de costume durante certo tempo, uma garota (quase sempre virgens ou esposas) o acompanhou em sua jornada póstuma. A jovem era consumida pelas chamas. Viva, é claro.
Por tudo isso, os manuscritos de Ahmad ibn Fadlan são de valor histórico inestimável.
Enfim, uma consideração importante a ser feita: a tradução da oração no final do filme foi muita mal feita. Simplesmente traduziram "Lo" como "Abaixo" (um erro grosseiro, provavelmente causado por confudirem este termo com a palavra ingles Low)! No entanto, "Lo" é uma expressão arcaica e significa "Comtemple" ou "Veja". Lamentável para dizer o mínimo. Essa oração é a alma do roteiro.
Eis a original:
Lo' there do I see my father
Lo' there do I see my mother, my sisters and my brothers
Lo' there do i see the line of my people back to the beginning
Lo' they do call to me
They bid me to take my place amoung them in the halls of Valhalla
Where the brave they live forever!
E essa é uma tradução da oração que tomei a liberdade de fazer:
Eis que vejo meu pai
Eis que vejo minha mãe, minhas irmãs e meus irmãos
Eis que vejo a linhagem da minha família desde o início
Eis que eles me chamam
E me convidam para tomar meu lugar entre eles nos salões do Valhalla
Onde os bravos vivem para sempre!
parabéns para página. Muito bem feita. Gostei muito.
ResponderExcluirAimoré Homsi
Muito bom, gostei parabéns
ResponderExcluirUm dos melhores filmes que já assisti, e que de tempos em tempos gosto assisto de novo. A página esclarece muito bem alguns detalhes históricos do filme. Parabéns! Ótima!
ResponderExcluirGostaria de ver a oração do Ahamad antes da batalha, quando este se ajoelha em direção a Meca!
ResponderExcluir